O programa especial dedicado ao diretor e apresentado ontem no Odeon às 21h30min contou com as possibilidades cinematográficas experimentadas por ele em curtas metragens ao longo de sua carreira. Olho por olho, filme de 66 é o retrato de uma geração que calada pela força busca nela a sua redenção. Diversos planos caminham pela cidade encadeados pelas expressões insossas dos personagens, escancarando uma juventude que calada em si mesma explodia em raiva e impotência. Bla Bla Bla, de 68 tem um cuidado técnico evidente, dos créditos iniciais à montagem. Paulo Gracindo é espetacular na personificação do ditador em crise nacional e a fotografia o auxilia nesse processo. Chama a atenção a montagem repleta de cenas de arquivo e também ficcionais. Oscilando entre o experimentalismo e a metalinguagem, Tonacci constrói um argumento irônico e forte para tecer uma crítica contundente ao Regime Militar da década de 60.
Óculos para ver pensamentos, de 94, é um filme documental sobre o processo de criação. Tonacci, um rapper e um repentista se encontram para criar uma intervenção musical que tenha por mote a visão. Os óculos em questão são parte da intervenção e quando fechados nada se enxerga a não ser o próprio pensamento. A partir daí vemos o diretor e os músicos repensando a questão da visão enquanto possibilidade de entendimento crítico de mundo. Para ver TV tem que ficar ligado, de 2000, retoma essa discussão, nesse caso em relação ao que é veiculado na Televisão. O psiquiatra Angelo Gaiarsa e rappers, entre eles Thaíde, dialogam sobre a recepção imagética alienada, Tonatti retoma na montagem imagens de Bla Bla Bla. Os dois curtas problematizam a relação entre visualidade e crítica, afirmando a potencialidade das mensagens visuais, o apelo dos meios de comunicações e a alienação.
A sessão contou ainda com Comerciais para a bienal de artes de São Paulo, realizados em 98, atestando a criatividade na construção estética de montagem e realização do diretor. Por fim, Página de diário de viagem, de 2000 apresenta um registro autoral do processo de pesquisa para o longa Serras da Desordem, lançado em 2006. A leitura da página do diário de viagem apresenta um Tonacci em processo de estranhamento e descoberta do seu objeto fílmico. Assim como em Óculos para ver pensamentos, o diretor se personaliza evidenciando suas expectativas e críticas ao processo de criação.
A obra de Andrea Tonacci é riqueza de possibilidades fílmicas, transita entre cinema experimental, documental e ficcional com tal destreza que a isso só poderíamos chamar de maestria. Mestre esse que não hesita em escancarar críticas ao modo como os meios de comunicação se apropriam de discursos e ignoram uma massa que inadvertidamente se cala.
Os filmes de Andrea Tonacci serão veiculados novamente no dia 05/11 às 17h30min na Caixa Cultural 2. Não perca!
Óculos para ver pensamentos, de 94, é um filme documental sobre o processo de criação. Tonacci, um rapper e um repentista se encontram para criar uma intervenção musical que tenha por mote a visão. Os óculos em questão são parte da intervenção e quando fechados nada se enxerga a não ser o próprio pensamento. A partir daí vemos o diretor e os músicos repensando a questão da visão enquanto possibilidade de entendimento crítico de mundo. Para ver TV tem que ficar ligado, de 2000, retoma essa discussão, nesse caso em relação ao que é veiculado na Televisão. O psiquiatra Angelo Gaiarsa e rappers, entre eles Thaíde, dialogam sobre a recepção imagética alienada, Tonatti retoma na montagem imagens de Bla Bla Bla. Os dois curtas problematizam a relação entre visualidade e crítica, afirmando a potencialidade das mensagens visuais, o apelo dos meios de comunicações e a alienação.
A sessão contou ainda com Comerciais para a bienal de artes de São Paulo, realizados em 98, atestando a criatividade na construção estética de montagem e realização do diretor. Por fim, Página de diário de viagem, de 2000 apresenta um registro autoral do processo de pesquisa para o longa Serras da Desordem, lançado em 2006. A leitura da página do diário de viagem apresenta um Tonacci em processo de estranhamento e descoberta do seu objeto fílmico. Assim como em Óculos para ver pensamentos, o diretor se personaliza evidenciando suas expectativas e críticas ao processo de criação.
A obra de Andrea Tonacci é riqueza de possibilidades fílmicas, transita entre cinema experimental, documental e ficcional com tal destreza que a isso só poderíamos chamar de maestria. Mestre esse que não hesita em escancarar críticas ao modo como os meios de comunicação se apropriam de discursos e ignoram uma massa que inadvertidamente se cala.
Os filmes de Andrea Tonacci serão veiculados novamente no dia 05/11 às 17h30min na Caixa Cultural 2. Não perca!
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