segunda-feira, 3 de novembro de 2008

[Noite de Serão] Fernando Secco

Trabalho. Trabalho. Trabalho... o curta de Fernando Secco, Noite de Serão, fecha uma trilogia dedicada aos homens, ao trabalho, e a uma possível incompatibilidade entre os dois. Precedido por Fim de Expediente, de Alexandre Sivolella e Hora Extra de Davi Kolb, Noite de Serão acompanha a rotina de cinco vagabundos sentados num velho sofá no subúrbio, que passam as noite e os dias conversando, batendo-papo e sufocando a “mulherada”.

Ao contrário do usual enfoque na periferia, pelo viés da violência e tragédia, o roteiro de Marco Borges, prefere nos aproximar dos personagens e de seu universo pela familiaridade a descontração. Afinal, se Luizinho, Bodão e Micão ainda estão desempregados é por esforço e aptidão. E enquanto correm atrás de um pozinho todo fim de tarde, é porque de alguma maneira todo mundo precisa sair da rotina (até um crente recém-convertido).

Por trás da indisfarçável malandragem e do machismo suburbano é perceptível nestes homens uma leve melancolia que denuncia, que no fundo, estão todos perdidos e sem esperanças. E é pela leveza com que aos autores mostram o dia-a-dia de quem não se deixa abater (ou desesperar com o dia seguinte) que acabam conquistam o público.


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